1.26.2012

Para Absorver a Ira de Deus

Originalmente do livro 50 Razões pela morte de Cristo por John Piper.



Gálatas 3.13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;


Romanos 3.25 ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos;


1 João 4.10 Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.


Se Deus não fosse justo, então não haveria a necessidade para o seu Filho sofrer e morrer. E se do mesmo modo Deus não fosse o amor, não teria a vontade livre para fazer o Filho sofrer e morrer. Não obstante, Deus é tanto justo e amoroso, portanto, o amor se torna à vontade para satisfazer a justiça.

A Lei de Deus manda «Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.» Deueronómio 6.5. Mas nós todos temos amado outras coisas mais. É isso que é o pecado—desonrar a Deus por preferir outras coisas acima dEle e agir conforme a preferência. É por isso que a Bíblia diz que «Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus» (Romanos 3.23). Nós glorificamos aquilo em que temos mais gozo, e não é Deus.

Consequentemente, o pecado não é pequeno porque não é cometido contra um Soberano pequeno. A seriedade de um insulto aumenta quanto à dignidade da pessoa insultada. O Criador do universo é infinitamente digno de respeito e adoração e lealdade. Portanto, falhar no nosso dever de Lhe atribuir o amor devido não é uma coisa trivial, é traição. Difama a Deus e destrói a felicidade humana.

Porque Deus é justo, Ele não varre estes crimes debaixo do tapete do universo. Ele sente uma ira santa contra tais crimes. Merecem ser punidos e Ele deixa bem claro que, «o salário do pecado é a morte» (Romanos 6.23) e «a alma que pecar, essa morrerá» (Ezequiel 18.4).

Existe uma maldição santa por cima de todo o pecado. Não punir o pecado seria injusto. Deus seria justamente diminuído no pensamento. No âmago da realidade há uma mentira. É por isso que Deus diz, «Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las» (Gálatas 3.10;Deuteronómio 27.26).

Apesar disso, o amor de Deus não é satisfeito com a maldição que está posta contra toda a humanidade pecaminosa. Ele não está contente para mostrar ira, justo que seja fazer isso. Portanto, Deus manda o seu próprio Filho para absorver a ira e receber a maldição por todos que nEle crerem. « Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro» Gálatas 3.13).

É este o significado da palavra propiciação em Romanos 3.25. Refere-se ao facto de Deus retirar a própria ira pela providência de um substituto. Quem providenciou o substituto foi o próprio Deus. O substituto, Jesus Cristo, não cancela a ira. Ele absorve a ira e desvia a pena de nós para Ele. A ira de Deus é justa e foi gasta. Não foi apenas retirada levianamente.

Não vamos brincar com o Deus ou trivializar o amor dEle. Nunca vamos ser maravilhados com o amor de Deus sem levar a sério a situação do nosso pecado e a justiça da ira dEle contra nós. Mas, quando pela graça nós somos despertados à falta de méritos, aí pensamos e reflectimos sobre a morte e o sofrimento de Cristo dizendo, «Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados» (1 João 4.10).

1.12.2012

A Morte de Jesus

Tenho reflectido e ficado cada vez mais convencido de que uma pergunta é muito importante. Na verdade, a morte de Jesus provoca duas perguntas maiores. Primeiro, como é que um homem justo pode ser morto? E segundo, qual é o significado disso?

A primeira pergunta é uma das mais difíceis da história da humanidade. Muitas vezes em contacto com as pessoas, recebo a resposta seguinte: «Jesus morreu porque insultou os Judeus.»De algum modo, essa é a verdade. «Geração de víboras.» «Incircuncisos de coração.» «Hipócritas.» «Cães.» «Mortos.»

Tem muito mais vezes em que Jesus falou mal dos líderes da comunidade religiosa israelita. Mas havia muitos Judeus que o amavam. Multidões o seguiam. Na verdade quando o Novo Testamento fala mal dos Judeus está a falar do Sinédrio. Jesus não era anti semita. Ele nasceu Judeu e praticou judaísmo durante a vida na terra.

Por outro lado, os líderes do Sinédrio se zangaram com Jesus e o acusaram e o levaram à morte porque ele falou «Eu Sou.» Para nós ocidentais, talvez não seja tão evidente, mas quando Jesus falou isso, ele se apresentou a si mesmo dizendo, «Sou o único Deus. Não há outro além de mim.» Lendo os evangelhos, temos tanta evidência de Jesus crer nisso e declarar isso publicamente que ele só pode ser, como disseram alguns inclusive o C. S. Lewis, «Ele só pode ser mentiroso, maluco, ou Messias,» isto é o Senhor dos senhores. Obviamente que a sociedade passou o juízo a dizer que ele era mentiroso e por isso criminoso e merecedor de morte cruel.

Mas não posso aceitar estes factos históricos assim na superfície como o todo que aconteceu. No primeiro lugar, Jesus é apresentado de certeza absoluta no Novo Testamento como um homem perfeito e justo em todos os seus caminhos. Ele não é apresentado como um grande criminoso, mas como o único justo e perfeito ser humano. A morte dele por um lado é apresentada como um grande crime contra Deus e contra a justiça.

Segundo, a morte de Jesus é muitas vezes apresentada pelo próprio Jesus como necessária, importante e o maior propósito da vinda dele à terra. Creia o que quiser, mas os discípulos depois da morte de Jesus foram completamente convencidos da ressurreição e se arrependeram por não ter percebido as tantas vezes que Jesus falou da morte dele. O evangelho de Lucas é o mais forte a declarar isso, e plenamente podemos perceber que ele escreveu depois de entrevistar os discípulos que estavam no lugar no momento porque ele veio depois e investigou.

Então, juntando o facto de Jesus e os seus achar que ele morreu sendo justo e morreu de propósito, temos de perguntar, «Qual é o propósito da morte de um justo, especialmente uma morte tão cruel?»

Será que Deus pode ser justo e ao mesmo tempo ter um decreto eterno de mandar matar Jesus? Mas Jesus não somente falou que ia morrer como também falou que ninguém lhe tirava a vida, mas que ele dava de livre vontade. Fala-se muito em livre arbítrio, mas muito pouco do livre arbítrio de Jesus. Isto não é um suicídio. Jesus falou que era o propósito eterno de Deus e Paulo nos fala que foi o conselho determinado da vontade de Deus. Então, conforme o Novo Testamento, Jesus se deu como voluntário e não por obrigação para morrer.

Tem muitas evidências da condenação de pecado. A alma que pecar morrerá. O salário do pecado é a morte. Mas Jesus é apresentado como não tendo pecado mas a morrer e isto sendo o maior acto de justiça de sempre de Deus. Como é que um justo morre? Se somente os pecadores morrem, como é que o único justo morre?

A resposta é um mistério e difícil para aceitar. A resposta é que o Filho que não conheceu o pecado, foi feito o nosso pecado. Ele levou sobre si o peso da nossa transgressão. Essa é a única explicação racional. A única maneira em que Jesus poderia morrer é com pecado. Se ele não tinha, ele tomou o pecado de alguém. Esse alguém é quem quer crer nele.

Tem muitas respostas aos porquês como propósitos que Deus tinha para fazer através da morte de Jesus, mas esta pergunta primeira é muito importante. Romanos com muita clareza nos ensina uma doutrina que muitos não querem ouvir. É a doutrina da dupla imputação. Isto é, Jesus recebeu a imputação do nosso pecado para que Deus fosse justo em dar para o pecador a imputação da justiça de Jesus.

Essa doutrina é difícil aceitar porque cada um quer guardar alguma capacidade de produzir justiça por conta própria. Cada um quer poder em autonomia resolver o problema de pecado e pagar. Cada um quer se juntar a Jesus e fazer algo mais. Mas isto significa que Jesus para essas pessoas não é suficiente.

Quando tentamos estabelecer uma justiça pessoal e não aceitamos a única justiça de Jesus, nós rejeitamos a suficiência dele. Nós fazemos dele uma mera tragédia histórica. Daí que tentar estabelecer justiça própria é fazer se inimigo de Deus e de Jesus por mais que fale esses nomes.